quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Velhos e novos - brigas eternas


Ter uma alma velha ou tradicional não tem idade. Também não tem assunto. Ontem na galeria senti que falei quando não devia quando, indignada com a escolha de convidados para os nossos encontros sobre industrias criativas, por serem só a velha guarda das artes, propus que convidássemos companhias novas. O que pensei foi - se estamos à procura de definição, porque não convidar grupo que se está também a definir? De que nos serve conversar com alguém que já sabe o que está a fazer porque julga saber do que tudo se trata? Ou então que trabalha sobre o mesmo há mais de 20 anos e não tem interesse em mudar a sua forma de trabalhar? Isto é possível, justo e pode até ser interessante: conservar e aprofundar métodos e interesses. Mas se queremos perceber esta nova conjuntura que, de alguma forma nos afecta a todos, é necessário ouvir a nova geração que cresce e se forma neste contexto.

Acredito que estes confrontos de gerações aconteçam em todas as áreas, mas na arte, que atua, por definição, na urgência para o legado da memória das pessoas e da sua compreensão, tudo parece maior e mais complicado.

Na verdade não é nem deverá ser. É preciso que falemos, é preciso que discordemos. Mas principalmente que façamos tudo isto de acordo.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Relações amorosas e outras paixões


Conheço vários casais com relações alternativas - quero dizer relações com uma liberdade pré-estabelecida e diferenciada do tradicional. Esta é, por norma, a definição destas relações pelos que as experienciam.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Rio


Hoje li numa crónica aquilo que sempre quis escrever sobre o Rio mas nunca consegui - como é irritante. Mas fiquei feliz, pelo menos alguém descreveu isto bem. Foi a Alexandra Lucas Coelho na sua crónica de despedida. Também ela está a deixar o Rio. Aluguel, transportes, mercado, está tudo caro. Insuportavelmente caro na zona sul. Existe um sonho à volta desta cidade. É o sonho de uma promessa de felicidade ou algum assim muito bom com o qual todo o Brasil sonha.
O que eu sentia era isto quando vim embora era isto: "Não há nenhuma razão natural para deixar o Rio, só razões naturais para ficar, as que toda a gente conhece mais esta: é fortalecedor morar em cidades que contradizem a nossa natureza e esse é o meu caso com o Rio. Então, a única razão que há para partir é não-natural, a mesma que faz o mundo olhar para cá, o Rio ter sido tomado pela narrativa do triunfo." 
Foi escrito para a crónica da despedida e não podia ser mais verdade para mim também. 

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014


Justificação Global do Projeto

O MUSEU TEMPORÁRIO concebe, coordena e produz conteúdos para equipamentos ou eventos culturais nas suas mais diversas áreas, cooperando com galerias, centros culturais e museus (em Portugal e no Estrangeiro), constituindo-se como um verdadeiro centro gerador de ideias e projetos. 

O estágio a que nos propomos tem como objeto a produção de eventos culturais. 
Ao longo do ano, o museu temporário produz e realiza um conjunto de exposições de artes plásticas e performances com artistas convidados. 

Em paralelo, estaremos a desenvolver uma plataforma chamada Acelerador de Partículas Criativas. Nesta plataforma pretendemos juntar um grupo de trabalhadores qualificados interessados e preocupados em atuar na nova conjuntura das artes em Portugal. Deste modo, a partir de uma programação de Conversas baseadas em case studies sobre as diversas áreas artísticas, pretendemos convidar várias personalidades para participar nestas conversas. 
Neste quadro, entre março a dezembro 2014, estaremos, uma vez por semana a produzir este evento. 

Prevendo-se o aumento de atividade este ano e havendo outras áreas em desenvolvimento, contar com um estagiário licenciado numa área artística poderá servir de alavanca à atividade do museu. 

Ao participar destas atividades, o nosso estagiário terá oportunidade de desenvolver diversas competências na área da produção cultural, relações públicas, concepção de projetos, montagem de exposições e relacionamento com a imprensa.  Outros domínios mais específicos como a concepção de textos no domínio das artes plásticas e a curadoria de exposições, serão integrados no processo de aprendizagem. Ao longo dos 12 meses de contratação, O Museu Temporário compromete-se a cumprir estes objectivos. 







quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

O que é que pode ser tão ingénuo?


Hoje ganhei coragem e fui encontrar-me com o diretor de um festival para lhe mostrar o meu projeto - tive uma ideia para uma performance.
A ideia é concreta e simples, mas faltou, segundo ele, o porquê e uma fundamentação artística. E disse que o meu projeto era ingénuo. A minha pergunta é: o que é que pode ser assim tão ingénuo?

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Fugas





"Neste mesmo dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! A saber, primeiramente de um grande monte, muito alto e redondo; e de outras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos; ao qual monte alto o capitão pôs o nome de O Monte Pascoal e à terra A Terra de Vera Cruz!"

                                                                                                          Pero Vaz de Caminha 1 de Maio de 1500.
BRASIL


Na primeira semana fiquei alojada no Catete. Cheguei de noite e o corpo sentiu no momento em que saí do aeroporto: tive febre e dores de cabeça. Quando chegamos ao Brasil, é natural nas primeiras semanas o corpo reagir desta forma. Estes sintomas também são do dengue, que é uma doença que paralisa o corpo com muitas dores. Aterrorizada com as doenças tropicais, quando senti febre, liguei à minha mãe a chorar (antes de ficar paralisada…), porque achava que tinha dengue. Mas afinal eram só dores de cabeça, porque o corpo demora a habituar-se ao novo clima mais húmido.
Mudei-me para uma república: o 256 da Nossa Senhora de Copacabana. Uma república com onze estudantes e viajantes. Naquele apartamento morávamos três franceses, três alemães, uma inglesa, uma holandesa, uma finlandesa e uma brasileira, além de mim.
A nossa casa estava abandonada à nossa sorte. Não tínhamos quaisquer regras. De duas em duas semanas tínhamos novos colegas de casa. Esta casa era velha e cheia de móveis, alguns que só ocupavam espaço e que não serviam para nada. A Isabel, a dona da casa, morava em Londres e todos os novos moradores, normalmente gringos, faziam um acordo com ela no Facebook e entravam na casa. Pagavam o depósito de entrada àquele que saía e, assim sucessivamente, ela fazia o seu negócio.
E tornámo-nos amigos, aqueles que não abandonavam a casa.

Curiosamente pouco tempo depois de chegar consegui um estágio. No Paço Imperial, na Praça XV, a casa que a família Real veio habitar quando se transferiu para o Brasil.
D. João VI chegou ao Rio de Janeiro em 1807. Ele e sua capitania tiveram a maior recepção já antes vista na cidade. As embarcações ancoraram no Mergulhão, onde hoje apanho o autocarro para chegar à praça e onde aqueles que, por graça de Deus eram os príncipes do Reino Unido de Portugal, do Brasil e dos Algarves, desceram e instalaram-se no Paço. Lá viveram D. João, sua esposa Carlota Joaquina, D.Pedro e D.Miguel. No mesmo lugar D.Pedro, anos mais tarde, proclamou o dia do Fico, e assim tornou o Brasil independente.
Esta chegada do D.João é um marco na história do Rio de Janeiro. Repetidas vezes, no Paço, ouvi histórias, segredos e conspirações sobre a família real que tanta curiosidade ainda hoje desperta naquela que foi considerada, pela vinda destes, a nova e última Capital do Império.
A sombra da colonização que vez nenhuma havia sentido em Portugal, vim sentir aqui quando me perguntaram: “Então portuguesa, está gostando da colônia?” Ao qual eu respondi: “Não sei, diga-me você, acabei de chegar à Capital do Império”.
O Brasil é uma terra muito grande na qual os portugueses tiveram influência. Na pouca que tiveram restou a nossa língua, comum aos dois países que torna a nossa comunicação tão fácil e tão próxima. A verdade é que quando um português chega ao Rio de Janeiro conhece mais sobre a sua terra do que alguma vez podia imaginar. A descoberta desta cidade e esta viagem para o mundo trouxe uma consciência do tamanho de Portugal.
As festas e os encontros no morro do Vidigal, na praia do Leme, na Rua do Ouvidor e em Santa Teresa, que é igual a Lisboa antiga, mas com bananeiras, ocupavam estas primeiras semanas no Rio.
Durante este período descobri que ”só me interessava aquilo que não era meu. Lei do homem. Lei do Antropográfico.” Este pensamento do Oswald de Andrade foi uma das minhas grandes descobertas no Brasil.

Por isso escrevo este texto, para fazer um convite à Viagem. Ela é, mais do que qualquer escola, a aprendizagem em si mesma, a valorização da experiência, da paisagem, dos objetos e das pessoas. Faço este convite para aqueles que partem para a viagem já saciados daquilo que vão encontrar.
Muitas vezes para os portugueses, chegar ao Brasil é aterrar num lugar já explorado e conhecido. Então pensei como seria partir “à procura de qualquer coisa”, como disse a Clarisse Lispector.
"O ser humano tem uma tendência para ser agregar, gosta de se juntar em grupos de grande dimensão e de uma qualidade variável, colectivos mais ou menos coesos e constituídos por motivos díspares e que pode ser resumido pelos afectos: desde a semelhança física ao compartilhamento da mesma língua. O homem na sua nação e cultura, pode ser arrongate ao ponto de presumir que o outro se deve identificar com os seus preceitos, mesmo que à força. A escola, a começar pela família e as multiplas intuituições são estruturas de transmissão e produção de opiniões."
In Folder da Exposição, A Viagem, curadoria Agnaldo Farias, 2013 RJ

Este texto estava no folder da exposição que estava no Paço Imperial na primeira vez que lá entrei, em antes de saber que ia lá trabalhar.
Não considerar um outro olhar, apreender apenas a visão de uma escola ou uma opinião específica, pode correr o risco de nos equivocar em relação aos outros lugares.
Esta ideia vem contradizer que aquele que acumula mais opinião é o mais instruído e completo de saber. Mas na verdade é um problema quando "as surpresas passam por nós sem surpresa." Porque quando a cabeça está repleta de opiniões e consequentemente de certezas, nós já não nos admiramos de nada.
Quando fazemos a mobilidade e estudamos noutros lugares este problema da escola não persiste. A transmissão de opiniões muda consoante a instituição e o país e com isto, nós, os estudantes, temos diferentes fontes onde absorver.  

Este é o meu convite.

Conferência sobre conferir 1


Tenho que confessar uma coisa - a maior parte dos grandes textos que leio não entendo à primeira. Provavelmente porque estou à procura de significados, quando na verdade eles já lá estão e não é preciso procurar por eles.
Por um lado, procuramos cegamente aquilo que nos foi dito sobre aquele texto, e de tanto procurar encontramos, mesmo que não lá esteja. Por outro, quando lemos verdadeiramente um texto, muitas vezes surpreendemo-nos porque não é compatível com a descrição que tínhamos dele.

Estava à procura deste texto há algum tempo.

Os jovens de hoje gostam do luxo.
São mal comportados,
desprezam a autoridade.
Não têm respeito pelos mais velhos
e passam o tempo a falar em vez de trabalhar.
Não se levantam quando um adulto chega.
Contradizem os pais,
apresentam-se em sociedade com enfeitos estranhos.
Apressam-se a ir para a mesa e comem os acepipes,
cruzam as pernas
e tiranizam os seus mestres.
SÓCRATES (470-399 A.C.)


Não vão acreditar, mas eu citei este texto várias vezes sem o ter lido, porque achei que dizia exactamente o contrário. 

Quando li não quis acreditar.
O peso que tem o nome de Sócrates fez com que tentasse procurar algo de interessante e verdadeiro nisto que ele disse. A verdade, é que quando leio este texto a única coisa que consigo dizer é que apesar de muitas coisas geniais que poderá ter descoberto, esta citação é igual às do meu avô, que não acreditava na geração dos netos. 
A única explicação que consigo arranjar para isto é o facto de não conseguirmos suportar novas opiniões e formas de estar que fiquem em confronto com a nossa.  Parece que a capacidade de mudança diminui à medida que o tempo vai passando. E não está necessariamente ligado à idade mas sim ao espírito. Já ouvi pessoas com vinte anos a criticarem as de quinze - diziam que em poucos anos se tinha perdido o respeito pelos outros, que a noite dos mais novos era cada vez mais descontrolada - fumavam mais bebiam demais. O que é que isto interessa? E que fundo é que isto tem de verdade? 
Também não me quero tornar moralista com a minha opinião, mas irrita-me os clássicos serem verdades únicas e relativamente a este assunto, irrita-me a arrogância com as gerações que aí vêm.


Falo de coração aberto, é claro, porque acabei de me formar. Mas enfim, estamos aqui para isto, para conversar. 





















Top 5 € Lisboa


Chapitô

Pode não parecer, mas além do restaurante, que é mais caro, a esplanada tem preços muito acessíveis.

Por exemplo, batatas da troika 3,5 (casca de batata frita), cesto de pão com azeitonas 1,6 mais um copo de vinho, 3. Desta vez foi a dividir (porque estas entradas são muito bem servidas) e ficou 11, ou seja 5,5 para cada.

O ambiente é excelente, a vista é fantástica e a animação não pára. O restaurante e esplanada abrem as 18h e fecham à 1h.

Peça de quinta a domingo às 22h chama-se Dr Jekill and mr Hyde. É uma companhia encenada por um Senhor inglês chamado John Mowat. De tudo o que vi deles, até agora têm feito teatro físico com manipulação de objectos e personagens, os atores passam rapidamente de uma personagem para a outra. Tudo isto com muito humor e quando possível humor negro parecido com o dos ingleses.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Top 5 € LISBOA


Manter viva a nossa relação com a cidade onde vivemos, muitas vezes acaba por se tornar cansativo. Por isso, aqui ficam três sugestões para comer em Lisboa por menos de 5 euros.

Nas portas de Santo Antão, perto ao coliseu dos recreios, fica o 1 andar. Chama-se rua (...). É o Ateneu onde os moradores do bairro vão para ir às piscinas e fazer outras atividades.

O 1 andar tem três salas. Os empregados parecem um grupo de amigos que resolveu investir no negócio: servem com muita simpatia e boa onda. O menu tem várias sugestões bem portuguesas, bebidas, licores e sobremesas, tudo a um preço super acessível.
Pedi uma tosta de pasta de azeitonas com queijo feta e uma coca-cola. Por isto paguei 4,5 ! Atenção que a tosta é enorme, é feita com pão de forno de lenha!
Aconselho que se forem acompanhados, peçam uma tosta e salada para dividir que preço é o mesmo!