sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Orquestra parte 3



CENA 5 (solução)

C - Eu sou o cosmos com a razão. Juntos. Tenho uma solução.
B- Eu sou a vaidosice e a presunção e adoro contrapor a frase anterior. 
C- Vim resolver esta situação, através desta conexão: Nesta sala a nossa trajetória deve ser aleatória. O problema é que a distância destas cadeiras é pensada da mesma forma à 200 anos e hoje será a mesma. O espaço de cada um confina-se à cadeira e a mais um bocadinho. Então o único momento livre é o antes do começo, precisamente aquele em que procuramos os nossos lugares. Proponho que nunca começemos. Ficaremos no caos. 
O caos é a liberdade! O caos são vários instrumentos ao mesmo tempo. O caos é tudo ao mesmo tempo e é só um. 


A Entra com uma planta na mão, que simboliza o começo da vida, e explica a teoria do Big Bang. 

A- O Big Bang é a teoria da origem do Universo ou a hipótese do atomo primordial. BIG BAAANG, houve uma explosão, apareceu o primeiro atomo e o Universo expandiu-se.
Todos os sistemas movem-se em torno de um único que os inscreve. Como neste espaço, todos os dias , cada um repete os mesmos movimentos nos ensaios e nos concertos. E todos eles fazem parte do mesmo. 
Nesta Orquestra ou no Universo existem muitas trajetórias imprevisíveis. Surgem sistemas a todos os minutos. Não é necessário fixar os movimentos a trajetórias já existentes.
Se houver uma explosão podemos começar qualquer coisa. 

 D, B e E preparam uma pequena explosão atrás de A.  Ela é ignorada por todos os atores.

C - Aquilo que eu pedi era o meu espaço de abstracção. Hoje não quero ser neutro. Quero aparecer, quero ser mandado embora, quero desafinar. 



 CENA 6
Entra E de fato e vem fazer um discurso à boca de cena. 
B atrás dele segura um cartaz que diz AULA DE 14 DE JANEIRO DE 1976


E – Este ano gostaria de começar, mas começar somente, a tentar compreender o 'como do poder'. Isto é, tentar apreender os seus mecanismos entre dois pontos de referência ou dois limites: de um lado, as regras de direito que delimitam formalmente o poder, de outro lado, a outra extremidade o outro limite, seriam os efeitos de verdade que esse poder produz. Poder, direito e verdade: existe uma questão tradicional que é aquela, acho eu, da filosofia política e que se poderia formular assim: como o discurso da filosofia é entendido como o discurso por da verdade e como ele pode fixar os limites de poder. Quais são as regras de direito de que lançam mão as relações de poder para produzir discursos de verdade? Qual é esse tipo de poder capaz de produzir discursos de verdade que são, nesta sociedade, dotados de efeitos tão potentes?

Black out. 

SPALLA– Queria-vos todos reunidos aqui dentro de 10 minutos. Antes da avaliação vamos fazer silêncio. Obrigado. 
A- Hoje ninguém vai tocar. Vamos fazer silêncio. 
D – Não vai haver avaliação. 
B- Hoje só fazemos silêncio.

Os atores saem e ouve-se nos bastidores os passos dos atores nas coxias. Ouvem-se pequenas conversas que não se conseguem perceber. 

Entra a música Silence is Sexy dos Einsturzede Neubauten. No escuro, as portas do teatro abrem-se e o público é convidado a sair. 



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